terça-feira, 27 de julho de 2010

vingança

Oh lampião sombrio que atordoa minh'alma. Que faço eu para fugirdes de mim ? Eu, que cruel nunca fui para com seus semelhantes e sempre tratei bem dos assuntos da falange, hoje me pego sufocado nos reinos de teu cangaço. Humildemente peço que se retire do meu espaço e meu apego, pois que já não aguento mais teu cheiro romantizado. Cuspo mesmo sobre o prato que comí. Sem apego e sem pena. Desejo mesmo é que morra todo esse sentimento, seja soterrado em mágoas. Pois que já não quero mais tamanha reminescência de um pranto que nunca houve.
Lhe devolvo então todo o amor que há vomitado em mim. Regurgito-lhe ódio antigo. Não o suficiente para odiar-te ou afastar-te de mim, somente a quantidade ideal que me lave a alma e me deixe leve. Movo-me descoordenadamente por entre teus homens e mulheres transformando-os em personagens da melodia. Envolvo-os em uma explendida aurora de magia e contemplação. Tudo antes de esfaquear-lhes as costas no gesto mais egoísta da cobra.
Expulso-lhes de ti mesmo e no vazio lhe deixo, longe de ti. De ti e de tudo que um dia desejou. Domino teu cangaço. Já conheço todas as notas do teu samba antigo. A mim, não surpreendes mais. Te decorei e agora te devoro, mas nem reparas que no teu jogo, quem joga é você.

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