terça-feira, 27 de julho de 2010

Início de semana

Viajei fisicamente como há muito não viajava. A estrada engole meus problemas. Me afasto vertiginosamente de tudo que fui. Quanto mais o carro se movia na estrada, mais paz eu sentia. Nada encomodava. Amei o silêncio. Poderia reviver o delírio da viagem eternamente. A cada quilômetro, um problema a menos. Era como se as rodas amassassem tudo que sinto no e deixasse para trás a carcaça morta de meus temores. Assim rumava.
Primeiramente, não tinha destino. Ia para qualquer lugar que fosse, contanto que a estrada não acabasse. Prolonguei a estrada. Prolonguei a estrada por densos caminhos para que pudesse me sentir assim por mais tempo. Para que durasse. Para sentir a paz habitando meu apertado peito. Respirei sem medo, como se fosse uma criança despreocupada. Era simples e vivo e me continha em ser. Era completo no vazio. Ermo e completo. Intordoável a cada volta da roda que me afastava cada vez mais dos meus problemas. Voava. Voava pelo asfalto como voam os pássaros que migram. Hibernei, agora acordava.
Não havia melhor sentimento e corria o carro. Corria ! Nada estava em seu caminho. Acelerou-se, guiou-me, não havia medo, não havia nada. Só a rua e eu. A paz da solidão tranquila.
De repente o carro para. É o fim, chegamos. Momentaneamente tudo volta a ser o que sempre foi, os problemas, os medos, as dores, tudo. Talvez eu não deva ficar parado.

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