domingo, 18 de julho de 2010

eu por mim

Vago ferozmente por universos intransponíveis
já me perdí tantas vezes por estes caminhos
que nem sei mais o que sou.

Sigo viajando sozinho como se nada nesse mundo soubesse me fazer compania
Me encluo em grupos que excluo rapidamente
não sei mais viver em bando.
Mal sei viver a dois.

sinto saudade de alguma coisa que eu nunca conhecí
e a fronteira entre o que eu sou e o que eu acho que sou pode ser maior do que imagino
não sigo mais caminhos, ando em círculos
perdido num mundo de idéias que não fui eu quem teve.

Estático riacho, morto, inundado
afoga todos os meus contentamentos
me tira o fôlego da alma calma e inerte
e me transforma em comida de peixe

Furacão vadio humano e desumano que assola as correntes do dia a dia
gente feia, gente velha, gente pútrida
Quantidade enorme de carne viva em decomposição
falha aos meus olhos quando penso
Não vejo as pessoas.

Não sinto as pessoas

nem quero as pessoas.

Para mim tudo é vazio
nada nem ninguém se mexe com precisa exatidão
e todos estão parados
e quem se mexe sou eu
Me movimento entre pilhas inúteis de ex-futuros-soldados
procurando alguém que não esteja fardado e que possa me ajudar.

Não sinto medo da carne que come a carne que come a carne.
sinto medo da carne que mata e não sente. Da carne que não pensa
sinto medo desse bando de macacos que nada fazem
filhos do circo, amantes do circo.
Sinto medo dos macacos de terno que vão ao trabalho
aqueles que nada sabem

Sinto medo de mim por sentir medo do meu similar
eu, que não me pareço com nada.

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