sexta-feira, 30 de julho de 2010

por hoje e por tudo.

Obrigado por hoje.

Pelo café, pela música, pelos pelos de gato
pelo carinho, o aconchego, a preocupação
a oportunidade, a felicidade, a imaginação
a indagação, a conversa, o convívio, a aceitação
a paciência, a calma, a virtude, o fumo.

Obrigado.

auto explicativo de uma conversa.

Compreendo teu medo. Até o respeito, mas o reprovo. Tentas tirar-me toda a solidão como uma máquina tampa garrafas de cerveja.

Não sou a vácuo.

Não consigo suportar o modo como tentas ocupar minha cabeça, como se não quisesses que eu pensasse. Não consigo suportar sua voz quando força para dizer algo (teoricamente) engraçado para cortar meus pensamentos. E me irrita o cheiro da sua diversão.
Sinto teu medo a milhas de você. E não importa o quão boa sejas, vai sufocar-me. Vai, duramente, sufocar-me.

Não vivo à dois

Vou sentir a dor que vais sentir quando me cansar, mas nem vou ligar, porque vou estar ocupada demais fazendo tudo o que você tentou me impedir de fazer nesse tempo que passamos juntos. Vivemos bem, sorrimos, a vida era até boa. Se eu fosse uma pessoa comum, ainda estaríamos juntas, mas você tinha tanto medo de mim e de minha essência, que tentou privar-me de mim. Não me acompanha em nada, nos meus pensamentos, minhas idéias, meu mundo avança e você fica. Mistura fascínio e medo, e na química gera repressão. E me repreendeu, agora liberto.

Não gosto de festas.

Tirou-me o silêncio e a calma, fez de tudo para me tirar do tédio, do ócio. Me fez comer mais, fumar menos, pensar em coisas que eu não havia pensado antes, como "odeio quando controlas minha vida" ou "por que me cobras tanto?". Tentou tirar-me o direito de pensar do jeito mais fácil: me tirando o tempo de fazê-lo. Mas não fico no tédio.

Eu sou o tédio.

peça velha

Agora sei porquê te amei, e antes por outro motivo fosse
mas te maquiei com tudo que quis que um dia pudesse ser
e te fiz perfeita nas cores da minha esperança
e te vesti perfeita no covil de minha alma

Te enfeitei de prantos e prodígios
e lhe fiz entendedora de cada palavra minha
transformei você numa musa intelectual
Pura vertigem

Quando o véu cai, eres só humana
Nada de novo no seu conteúdo frágil
Precisa deles mais que eles de ti
e quebra-te como ser.

Não conseguiu aceitar a verdade de ser maior
por medo de transpor os que chama amigos
e por não se deixar ser
foi apodrecendo.

Hoje, não passa de mais uma
mais um manequim na vitrine da vida
pronta para ser descartada, com roupa e tudo.

E será, assim como foi por mim

terça-feira, 27 de julho de 2010

Que saudade

Consigo te imaginar sentada aqui, com as pernas cruzadas, sua gorda magreza, sua cara de tédio que tanto me encanta. Seu cigarro, o copo vazio e aquela cara que me diz tudo sem nada pronunciar. Seu cheiro e esse jeito se encaixam aqui, neste lugar sem nome nem forma, na minha imaginação. Ás vezes te sinto tão forte que parece que vou descer as escadas e deparar contigo na sala, fumando um cigarro e apontando visualmente para o copo de café em cima da mesa, que deduzo meu. Propositalmente há um pote de açúcar colocado ao lado do copo de café, como que num gesto sacana para atiçar minha cabeça. Olho para ele e sorrio, e você sorrí, e é quase como se tivéssemos nos beijado, mesmo a uns dois metros de distância.
Pego o café e nada muda, e tudo muda. A sensação é a mesma, mas a visão diferente. O café está alí, o cheiro de cigarro está alí, mas você, não.
Que saudade.

vingança

Oh lampião sombrio que atordoa minh'alma. Que faço eu para fugirdes de mim ? Eu, que cruel nunca fui para com seus semelhantes e sempre tratei bem dos assuntos da falange, hoje me pego sufocado nos reinos de teu cangaço. Humildemente peço que se retire do meu espaço e meu apego, pois que já não aguento mais teu cheiro romantizado. Cuspo mesmo sobre o prato que comí. Sem apego e sem pena. Desejo mesmo é que morra todo esse sentimento, seja soterrado em mágoas. Pois que já não quero mais tamanha reminescência de um pranto que nunca houve.
Lhe devolvo então todo o amor que há vomitado em mim. Regurgito-lhe ódio antigo. Não o suficiente para odiar-te ou afastar-te de mim, somente a quantidade ideal que me lave a alma e me deixe leve. Movo-me descoordenadamente por entre teus homens e mulheres transformando-os em personagens da melodia. Envolvo-os em uma explendida aurora de magia e contemplação. Tudo antes de esfaquear-lhes as costas no gesto mais egoísta da cobra.
Expulso-lhes de ti mesmo e no vazio lhe deixo, longe de ti. De ti e de tudo que um dia desejou. Domino teu cangaço. Já conheço todas as notas do teu samba antigo. A mim, não surpreendes mais. Te decorei e agora te devoro, mas nem reparas que no teu jogo, quem joga é você.

Início de semana

Viajei fisicamente como há muito não viajava. A estrada engole meus problemas. Me afasto vertiginosamente de tudo que fui. Quanto mais o carro se movia na estrada, mais paz eu sentia. Nada encomodava. Amei o silêncio. Poderia reviver o delírio da viagem eternamente. A cada quilômetro, um problema a menos. Era como se as rodas amassassem tudo que sinto no e deixasse para trás a carcaça morta de meus temores. Assim rumava.
Primeiramente, não tinha destino. Ia para qualquer lugar que fosse, contanto que a estrada não acabasse. Prolonguei a estrada. Prolonguei a estrada por densos caminhos para que pudesse me sentir assim por mais tempo. Para que durasse. Para sentir a paz habitando meu apertado peito. Respirei sem medo, como se fosse uma criança despreocupada. Era simples e vivo e me continha em ser. Era completo no vazio. Ermo e completo. Intordoável a cada volta da roda que me afastava cada vez mais dos meus problemas. Voava. Voava pelo asfalto como voam os pássaros que migram. Hibernei, agora acordava.
Não havia melhor sentimento e corria o carro. Corria ! Nada estava em seu caminho. Acelerou-se, guiou-me, não havia medo, não havia nada. Só a rua e eu. A paz da solidão tranquila.
De repente o carro para. É o fim, chegamos. Momentaneamente tudo volta a ser o que sempre foi, os problemas, os medos, as dores, tudo. Talvez eu não deva ficar parado.

terça-feira, 20 de julho de 2010

compania só

Amarga distância impotente que me separa com êxito do seu braço. Tristeza cruel que empregna todos os fios do meu cabelo e barba e fazem a dor que eu sinto pela saudade e não conhecimento parecer mais dor que o tormento doloroso de quem morre. Não sei como a possibilidade inerte de te encontrar um dia reage a minha multidão de pensamentos obscuros e irreconhecíveis. Não entendo nada de jogo da velha.
Queria poder acordar numa rede tranquila, em outro lugar do país, e encontrar-te nele, trazendo-me um copo de café, um livro ou um cerveja e celebrando a alegria de simplesmente ser comigo. Imagino-nos numa janela ao horizonte infiel, olhando curiosos as coisas que não sabemos dar nome. Afinal, o que é tudo isso senão invenção do homem ?
Aurora resplandecente, cruel de poderes infinitos que corre pela cicatriz amarga e fedorenta. Crueldade indescritível que corrói e canta e dança e se joga como louca pelo paralelo. Escorre e sangra, sangra e rí, rí quando se mata e a gente contempla da janela perplexos com a simplicidade com que a dor se dói e se rege e mata quando não há um corpo que a dor habite para sofrer. E olhamos juntos, tão próximos e colados que consigo ainda imaginar seu cheiro, ou reimaginar o cheiro teu que já havia imaginado. E parados tranquilos, pois no alto da fortaleza de felicidade, nada nos abala. Somos armadura intransponível por força e raiva. Só o simples nos toca. Só o sensível nos abala. Palavra cruel que há de morrer pelo chão diante de meus pés antes de tocar a minha sola e correr pelo meu corpo. Não há o que temer senão a volta da temeridade. E haja solo para aguentar todo o meu peso e teto para conter toda minha leveza. Segure-me gravidade, porque enquanto estiver contigo, sei voar.
Imagino tantas coisas que não sei dizer a diferença entre o que imagino e o que vivo e que grande abismo me separa, hoje, do que chamo realidade. O mundo que eu desconheço hoje devora o mundo que eu crio com uma imensa vontade de viver. É quase como se não conseguissem repartir o mesmo espaço, apesar de que pensamentos não ocupam lugar nenhum. Agora, tudo é vazio. Não há ninguém na janela. Nem eu, nem você. E me pergunto. O que me impede de não cair daquela janela ?

distância

Aquilo que hoje revela-se como flor, um dia já cresceu semente, velha e triste e apagada e morta como qualquer outro resquício de morte na vida.
Não há mais fome onde a dor da morte habita. Cálida e fria, desce úmida a gota de chuva sobre o assoalho repartido e rachado do teto de meus pensamentos. E escorre pelo corpo chageando a pele e queimando a ferida, e voltando a cicatrizá-la logo após. Só instiga meu corpo para que me sinta vivo, mas logo depois me repousa na morte. E eu não me mexo, excluindo alguns tremores de dor quando passa a próxima gota, quase como uma gota de veneno, vem destruindo minha pele, amortecendo cada gesto, cada palavra. Vem vã. Vem pura. Vem sinuosa, com vontade infinita de rasgar meu peito. Vem cheia de vivacidade, mas já vem morta. Passa por mim gelando meu corpo e meu peito. E sinto medo. Não sei se o vazio de meus pensamentos ou a multidão só que me acompanha que me deixa com medo, mas ele está alí. Fujo dele e ao mesmo tempo para perto dele e nele me perco.
Acordo sujo, mais uma gota desce do assoalho. Desce e rasga minha alma, levando embora pensamento, desejo e vontade. Aproximando cada parte do meu ser cada vez mais de um abismo sem palavras, sem cheiro. Sinto medo. Sinto medo de me afundar na temeridade. E a solitute me devora por demais. Mas estar com os outros é medo de estar sozinho. Só se conhece aquele que está sozinho. Aquele que sente sozinho a chuva que cai do assoalho, que molha sua cama, que ao mesmo tempo refresca e infarta sua alma. Que te leva devolta daqui e para cá novamente. E tudo se perde. Se perde sem sair do lugar. Porque tudo está lá e aqui, pois lá é aqui, e o que é o espaço senão a distância entre a minha cabeça e a próxima gota ?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma outra valsa

Se sabes que o lixo do luxo do bruxo que varres neste momento de nada lhe valhe
porque varres absoluto enxuto tão vil e bruto com força tremenda e cautelosa exatidão tal migalha ?
Se sentes, assim como eu sinto que sentes, o peso da vontade de fugir, porque a janela da saída lhe parece tão alcançável aos olhos, mas tão longe as mãos ?
Ó crueldade vívida, deixe-a sair pela janela já que a porta há de ter trancado com mãos rígidas de criado em fúria, que não podendo discontar no seu patrão todo seu ódio, cumpre com nojo seu trabalho, aumentando seu cansaço e sua eficiência, mas nunca seu salário.
Claro ! Lhe digo, que sabes o porque canto. É que pretendo amortecer a alma daquele que sofre com pena, e que com angústia escuta a dor da melodia. Viva como somente os mestres saberiam fazer. Fria e cálida como nunca havia de ter sido. Fervorosa e alucinante. Quase me trazem delírios de febre. Ah! Que infortúnio. Talvez, nesse tempo criado não me sobre tempo para nada. E já havia esquecido de meu propósito aqui.
Ó criado afortunado por trabalhar para tão severo patrão. Ouça meu canto lamurioso, ou lamuriante, ou como queira entender. Mas ouça bem, para que saibas a quem pedir socorro. Para que saibas a hora de fugir e para que seu coração não gele no instante de pular a janela. Escute bem, para que a janela se aproxime de tí. Não só de teus, agora tristes, olhos como também de sua fétida e suja mão, que agora se encontra na cabeça que arde em febre. Ah! Febre. Que toque novamente aquela música que me subiu o fervor. E que se esqueçam todos os servos, pois somos todos servos de um só amo, que é a morte. E para a qual todos nos encaminhamos fervorosos e cantantes. Dançemos a nossa última valsa que hoje esse servo não nos escapa. Mal sabe ele, que as grades daquele janela nunca esfriam. É fogo quente que lhe marca a alma, e em lava se alucina, sem saber o problema que lhe persegue. Que se uma vez foges de teu servo interior, nunca se encontrar pode ser a tua eterna cina.
Toque canção, toque. Toque corações apaixonados. Deixe-nos voar além das almas desvairadas deste mundo. Ah! O esquecimento. Deixe-nos todos no esquecimento. Que nada mais merecemos!

Rainha descoroada

Sou galho seco na sua visão burra
não quero abraçar sua alma imunda.
Se sente-se ofendida, comece a preencher-se de algo menos lastimoso
Porque sua essência fede a quilômetros e nada em você agrada a ninguém.

Cheia de seus quês de riqueza e exatidão
sabe perfeitamente a hora de entrar e de sair do show
mas faz do show sua vida
e como todo bom artista, fora do palco, de nada vale.

Se sabes que sua vida é como lixo
um luxo para os mais abobalhados
e um completo infortúnio da matéria para os de visão forte
que espera do mundo senão a morte ?

Será que ainda tens esperança de mudar
ou lançar-se sobre a nobre cratera da humanidade ?
Ou sua bunda já está suficientemente bem colada nessa poltrona,
onde tem seu controle de tv e seu copo de champagne sempre a disposição
que não consegue ver nada além do seu próprio umbigo?

Cheia de servos,
contemplada dos cuidados do rei
que nada mais é do que um empresário bem sucedido,
vive como rainha da própria desgraça.
Vazia como uma pedra no reino quântico.
Vaga feia, como se não lhe houvesse sentido fálico de movimento
e cruza os dedos por ser tão burra.
Sentes o medo de morrer, não em carne, mas o medo de empobrecer, e esse é maior que tudo em volta. Ah! O grande medo do mundo não girar mais à sua volta.

Queria saber como se sentiria se soubesses que ninguém sabe quem você é...

mais um texto sem sentido.

Eu te amo, por isso quero que você morra. Quero que não tenha que suportar a dor dessa vida, essas passagens ruins, todo esse desaprovo chato, essa melancolia entediada que sobrepõem-se na mesa e sustenta nossa fruteira. Quero que não tenha que sentir o cheiro fétido da necessidade de ser alguém. Alguém melhor que todos que conhece, alguém rico, alguém sucedido. Quero que morra por não ter vícios, ou por fazer desse, seu maior vício. O vício de não ter vícios. Quero que não tenha que temer o mundo à sua volta, que não o compreenda como eu faço, que não o odeie como eu odeio. Mas não quero que sejas burra. Chega a ser paradoxal. Não quero que sintas a dor dos que pensam, mas quero que penses. E se pensas, se fere. Porque só quem pensa atravessa o corredor de cacos de vidro descalço. Só quem pensa sente a chaga pútrida que é a sociedade. Só quem pensa se corta n'alma pelas pessoas que não pensam. Não quero que odeie o desconhecido. Mas quero que sinta medo dele. E que esse medo lhe mate. Porque este mundo não te merece. Não viva aqui. Se existes algo melhor, morra agora, antes de nascer e deixe sua alma ir para o céu enquanto ainda é pura. Enquanto ainda não se preocupa com dores, riquezas, sofrimentos. Enquanto ainda não foi consumida por pecados e desejos. Deixe este mundo para os fracos. Deixe-nos sucumbir a essa força. Sou fraco por ser forte. E queria não ter de ser-lo. Mas o que seria de mim se não o fosse ? Não sei ser massa de manobra. Estou decaindo.

eu te amo.

Odeio o seu cheiro nas minhas roupas. Odeio cada lembrança feliz que temos. Odeio o filme que vimos juntos, odeio sua tatuagem, odeio seu óculos e sua cara de que tudo está sempre bem mesmo quando o mundo está caindo que lembra tanto a minha cara. Odeio estar perto de você. Odeio gostar tanto de tudo isso que odeio.
Adoro quando saio de casa e fico naquela insegurança se vou te encontrar ou não. Adoro e odeio te ver. Adoro e odeio você. Adoro tudo em você. Odeio tudo que me faz lembrar de você, mas odeio, principalmente, o seu perfume masculino de café. Odeio o seu lindo sorriso. Odeio as suas clássicas roupas que encaixam perfeitamente no seu estilo. Odeio seu jeito lindo de falar meu nome. Odeio o sorriso aconchegante que dá quando me vê. Odeio ter que te odiar. Mas se não te odiasse, o que sentiria ?

euemvocêcovmeue

quando estávamos comendo batatas, sentados. Eu e você nos entre olhamos e sabiamos que algo não estava no lugar. Aquele maldito cheiro de rotina impregnado em nossas roupas, em nossas falas, em nosso andar. Aquele vontade enorme de sair dalí. De revirar tudo, de ir para um lugar que não existisse. Isso e pena. Pena porque não estávamos sozinhos e não podíamos abandonar a outra pessoa.
E sentíamos, juntos, por baixo da mesa, o medo de sermos entendidos e tudo ir embora. Aquela vontade devassa de esconder um segredo nítido. Nítido nos nossos olhares, que é maior que o resto do mundo. Nítido na nossa cúmplicidade que ninguém jamais terá junto. E seguimos. Seguimos pela turva neblina de mesmices, sentados naquela cadeira velha e suja. Preocupados com despreocupações e fatigados pela vida. Nada mais importava naquele momento a não ser o término dele. Não tinha mais necessidade de estar alí. E só a gente entendia aquele sentimento.

E o que explicar para os outros de algo que só a gente entende ? De algo que está tão na cara que não precisa de explicação. E vem a pena dos fracos de espírito, que não conseguem sentir no ar a presença forte da necessidade de sumir. Sumir de tudo, sumir impreterivelmente da vida de todos. Isolar-se. Consigo imaginar-nos longe de tudo. Em um lugar sem cor e sem nome. Próximos um do outro, mas longe de sí mesmos. Cada um com pensamentos tão esvaídos, que talvez só você possa acompanhar. Não tenho mais nome para você. Não precisamos mais nos chamar. Ultrapassamos as cordialidades da vida. Já não preciso mais te entender para te entender. É estranho explicar, mas sinto que sou você. E sinto isso de uma forma extremamente boa, na solidão. Quando nada mais me define. Quando tudo me definha e estou perdido. Não estou perdido sozinho. Está perdida comigo. Vê como é incrível ? Essa solidão conjunta. Eu comigo, você com você. Trancados num mundo sem saída e sem respostas. Perdidos em abismos irreveláveis e inertes. Complexos no seu paralelismo rígido. E quando não encontro uma saída. Encontras por mim. Diz aquilo que eu não sei dizer com palavras que eu procurei encontrar. E somos assim, completos em sí.

domingo, 18 de julho de 2010

o que sinto do que sinto de quem sente

Sinto uma figura magoada em meu peito
e é como se eu precisasse chorar
Mas nada disso é sentimento meu, não hoje.

Sinto uma solidão minha que não é por mim
e uma tristeza estranha que não me deixa triste.
É um vazio estranho, que ao mesmo tempo cala e abandona.

Sinto um medo do medo de não ter medo
e um vazio que não é ruim.
Me sinto culpado por não me importar em estar assim
por não sofrer por sofrer, ou chorar por chorar.
Tenho culpa por sentir culpa de não ter culpa ?
Sou um erro por ser certo quando erro ?
Devo sentir pena por não sentir pena de mim mesmo ?
Sou tão rígido que nem a mim sei fazer sangrar ?

Aquilo que não entende corre afugentado
aquilo que entede, entristece, lhe dói a dor que não sinto.
Se não sinto, por quê sentes por mim ?

Não sei o que deveria sentir,
não sei nem o que estou sentindo,
mas sei que não deveria soar como essa indiferença
de quem não gosta de nada.

eu por mim

Vago ferozmente por universos intransponíveis
já me perdí tantas vezes por estes caminhos
que nem sei mais o que sou.

Sigo viajando sozinho como se nada nesse mundo soubesse me fazer compania
Me encluo em grupos que excluo rapidamente
não sei mais viver em bando.
Mal sei viver a dois.

sinto saudade de alguma coisa que eu nunca conhecí
e a fronteira entre o que eu sou e o que eu acho que sou pode ser maior do que imagino
não sigo mais caminhos, ando em círculos
perdido num mundo de idéias que não fui eu quem teve.

Estático riacho, morto, inundado
afoga todos os meus contentamentos
me tira o fôlego da alma calma e inerte
e me transforma em comida de peixe

Furacão vadio humano e desumano que assola as correntes do dia a dia
gente feia, gente velha, gente pútrida
Quantidade enorme de carne viva em decomposição
falha aos meus olhos quando penso
Não vejo as pessoas.

Não sinto as pessoas

nem quero as pessoas.

Para mim tudo é vazio
nada nem ninguém se mexe com precisa exatidão
e todos estão parados
e quem se mexe sou eu
Me movimento entre pilhas inúteis de ex-futuros-soldados
procurando alguém que não esteja fardado e que possa me ajudar.

Não sinto medo da carne que come a carne que come a carne.
sinto medo da carne que mata e não sente. Da carne que não pensa
sinto medo desse bando de macacos que nada fazem
filhos do circo, amantes do circo.
Sinto medo dos macacos de terno que vão ao trabalho
aqueles que nada sabem

Sinto medo de mim por sentir medo do meu similar
eu, que não me pareço com nada.

[insira um título aqui]

Já faz um tempo que eu não escrevo nada real aqui. E às vezes é muito estranho o fato de que, quando penso em postar aqui, me sinto mal. Não mal como se fosse uma coisa ruim, mas estranho. Lembro quando montei esse blog, ainda era um adolescente querendo expressar minhas idéias. Falei sobre anarquia, sobre corrupção... Hoje não sou mais isso. Acho que alguma revolta dentro de mim morreu. Deu espaço para outras revoltas crescerem... Desde que comecei a escrever aqui muita coisa mudou, e graças à esse blog eu percebo como elas mudaram. Por isso acho, ou melhor, acabei de descobrir, enquanto compunha esse texto, que não é hora de abandonar isso aqui ainda, porque é aqui que eu me acho quando não sei mais quem sou...


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Minha vida anda muito simples. Por simples, entenda monótona, chata, fraca. Gostaria de ainda estar com ela, mas não vejo a menor necessidade nisso. É como se o pouco que vivemos juntos fosse o suficiente para que eu soubesse que ela não precisa de mim tanto quanto eu precisaria dela. Não quero que ela viva no esforço. Agora o problema já nem é mais esse. Não sinto falta dela, mas sinto, novamente, falta de alguém. Alguém que não tem nome, não tem cor, não tem cheiro. Alguém que não existe. É como se eu estivesse para conhecer uma pessoa que ainda não foi criada. Uma pessoa que habita o meu mundo ideal. Uma pessoa que, quando eu bater o olho no mundo físico, saberei que é a mesma pessoa do metafísico e ficarei encantado. Infelizmente, não posso ficar aqui esperando aparecer uma pessoa que eu nunca imaginei, mas sempre conhecí. Tenho que seguir em frente, mesmo sem foco. Mas até seguir em frente se tornou complicado, já que não sei qual caminho estou seguindo.
O que é a direção quando todos os possíveis caminhos te levaram exatamente para o mesmo lugar ? Sei o que não quero seguir. Sei exatamente o que não quero fazer. Não quero depender de ninguém. Só depender dos meus pais já me irrita profundamente, imagine ter que depender de outras pessoas. Ficaria enojado.
Acho que preciso escrever outro texto.... este já está morto.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

engenheiros do hawaii

"eu me sinto um estrangeiro,
passageiro de algum trem
que não passa por aqui
que não passa de ilusão"

Onde está você ?

Onde está você ?
Você que não se encontra por calado
você, cujo mundo de vaidades e de sonhos
já corroeu a essência

Quem é você ?
Carne pútrida e morta
inóspita inabitada
Sangue sujo, repisado

O que quer você ?
Sugador de sangue
zumbí
animal quadrúpede asentimental.

Vindimador de cebo acéfalo.

Colha seus pecados, Ó desconhecido empilhado
Colha seus pedaços, Ó perdição descaminhada
Junte seus restos e se descubra
você que já não é nada, mas pensa que tudo tem

O que sabe você de você mesmo ?

estou a vir

Estou a vir por trilhos desatentos
sem apego, sem festejo.
Sorrisos, passo longe
não se pode calcular a dor daquele que sorrí.
- Quem muito rí, muito esconde. -
Não costumo aceitar falsidade,
a não ser a minha própria
falsidade lavada, escarrada.

Não estou aqui para ver o circo pegar fogo
mas para entender o porquê existem essas chamas
está tudo em você.
O circo
O fogo
O calor das chamas
O motivo
tudo está esvaecendo.
Você acabou de perder as respostas para as perguntas que eu estava prestes a fazer.
PREPARE-SE
estou a vir.

A felicidade está dentro de cada um !

A felicidade está dentro de cada um ! - texto de Roque Lamenza Júnior

Viva cada momento como se fosse único ! Não tem nada mais bonito que o sol da manhã, nada mais incrível que o silêncio da noite. Conheça pessoas novas, não se preocupe, não pense no futuro. Viva cada momento intesamente, aproveite o melhor de cada segundo. Ande, corra, caia, mergulhe, se afogue, quase morra, ligue para sua mãe bêbado, a diga que a ama, diga que está tudo bem. Beba, fume, tente se matar. Conheça pessoas novas, goste de pessoas novas, encontre coisas novas. Se arrependa, odeie as pessoas que conheceu, finja que não conhece ninguém. Abrace todo mundo. Pague um almoço para um desconhecido, pague o almoço para um conhecido. Deixe alguém pagar seu almoço. Vá no cinema, ria no cinema, chore no cinema. Odeie o cinema, reclame no cinema. Pule. Pulse novamente. Grite. Reclame de quem grita. Reclame de quem reclama. Reclame de você. Faça coisas sem pensar nas consequências. Se arrependa de tudo, se arrependa de ser burro, escreva todos os seus arrependimentos e ria deles numa mesa de bar anos depois... Seja feliz. Compre uma cerveja, beba cerveja, derrame cerveja, reclame de quem derrama cerveja. Peça outra cerveja, busque uma cerveja para alguém. Tome a cerveja de alguém. Negue uma cerveja. Aceite algo de um estranho. Conheça aquele estranho, negue algo de um estranho. Viva. Não importe o que custar, seja feliz. Corra pelado, ande de skate, caia de skate, NÃO CAIA DE SKATE PELADO. Sorria. Pule de um telhado, quebre uma perna, chore de dor, reclame da dor. Reclame de ninguém ter filmado. Se afogue, sinta medo. Ligue para alguém que você odeia. Se declare para a pessoa que ama. Se declare para a pessoa que não ama. Se arrependa. Se declare para um desconhecido. Dance uma música que goste, dance uma música que não gosta, dance algo que não saiba dançar. Fale coisas sem sentido. Coma papel. Coma carne, vire vegetariano..

APROVEITE A VIDA !

E LEMBRE-SE. TUDO VALE A PENA. NÃO DEIXE DE VIVER POR MEDO. SEJA TUDO O QUE QUER SER. NÃO PENSE NO QUE OS OUTROS VÃO PENSAR DE VOCÊ. TUDO VALE A PENA. TUDO VALE A PENA. FAÇA SUA VIDA SER INESQUECÍVEL. COMECE AGORA.
ela acaba.