Lá se ia de novo, convicto. Não era mais um homem. Era o movimento. A ação separada da pessoa. Naquele momento, sua existência era mera figuração. Não era ele que estava alí. Era só a emoção. Caminha tão firme que parecia que ele não se mexia, o chão que corria na direção oposta da dele.
A mulher reclamava no fundo, ele nem ouvia. O som passava como o vento passa pelos casacos. Sem causar o menor efeito na pele interna. Fechou a cara como fecha o tempo durante aquelas chuvas repentinas de verão. Verdadeiro temporal facial.
Bateu a porta com a força e o desempenho de quem diz que nunca mais vai voltar. Entrou no elevador como se tivesse certeza do que estava fazendo, mas nunca teve coragem de passar da recepção do prédio.
Acontece assim. Ele sempre se irrita. Ela é sempre uma idiota. Essa é sempre a última vez. Mas ninguém tem coragem de ir embora pra sempre e, no caso dele, ele não tem coragem de ir embora nem por cinco minutos. Amar é assim.
2 comentários:
Depende muito do tipo de amor.
Claro... claro.
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