Finalmente tive tempo pra escrever o que estava querendo neste título, que paira no blog a alguns dias...
[...] Circundo velozmente o pátio da casa, descrevo mentalmente cada parte, tocando-as pela última vez. Absorvendo cada centímetro de conhecimento e aprovação que não percebia desde o primeiro dia em que aqui pisei. Comtemplo cada perímetro da arquitetura com um olhar triste, longe. Vago pela imensidão do hall, pela sala, a cozinha, a área dos fundos. Só não entro no quarto. Sinto que se o fizesse ele me pediria mais uma noite, mais um tempo sozinho comigo. O quarto foi meu mais fiél companheiro na casa. Me abrigou em noites turbulentas e cuidou de mim quando estive doente. Ele merecia uma despedida digna, por isso prefiro só partir.
Não consigo simplesmente entregar a casa. Parecia que não, mas havia me apegado à ela; às maçanetas enferrujadas, ao rangir das escadas da varanda, ao jardim moribundo que eu mal tinha tempo de cuidar. Cada detalhe me parecia ser surrupiado. Puro delírio. Em minha mente, tudo que via era aquele homem de terno e maleta, o dito advogado, dizendo que aquela casa não era mais minha e, de repente, todas as minhas memórias iam se apagando. Nada meu era mais meu, só a imagem daquele advogado, que após tirar tudo era o que havia sobrado na minha vida. Passo mais uma vez o olho pela casa. Passo pelo advogado e deixo a chave na mão dele, sem encarar o rosto. Não quero olhar pr'aquele homem. uma lágrima cai no chão de terra um pouco antes do portão. Meu último toque na casa. O advogado bate o portão atrás de mim e ninguém quis saber se eu já tenho para onde ir. [...]
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