sábado, 23 de outubro de 2010

Guerreiro do mar

Sem barco, sem botas e sem seu chapéu. Carrega agora apenas as glórias. As grandes vitórias no mar... Suas lutas; tantas mortes... tantas perdas.
Se lembra da primeira vez que entrou num barco e empunhou uma lança. Sim, uma lança. Naquele barco não se usavam espadas. E foi ao mar em busca de novos inimigos.
Um dia encontrou um Gigante Branco. Mal conseguia se mexer. A lança escorregava de sua mão, chegou a pensar que a mesma lançava a si própria, por extinto de arma que era. Feriu-o aos poucos até que morresse. Foi talvez o dia em que perdeu mais homens. Não para o inimigo, pois o mesmo mal teve tempo de revidar, tirando dois balaços, quase como bolas de canhão que dera na proa. Perdia seus homens para o mar. Caíam do barco e sumiam em seu gigante azul..
Como era grande e esperto, ó capitão. Lutou sozinho por muitas vezes, outras mais comandou vários homens, uns em rumo à morte, outros à glória, mas todos foram com dignidade e esperança. Acumulou poucas riquezas, mas venceu guerras que jamais entrarão em livro de história algum.
Hoje restam só recordações das suas batalhas e um pedaço da bandeira que lhe deu rumo na vida: "Compania do Peixe"

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Solua

O amor é um egoísmo. Não daqueles egoísmos ruins, quase mimados, que transtornam as pessoas à volta, mas um egoísmo bom. Como aquele de quando se tem um brinquedo que se gosta muito e não o empresta. Não por ser uma criança egoísta em essência, mas por querer preservar toda a beleza da virgindade daquele brinquedo novo. O simples toque estranho, o descuido, o descaso, poderia abrir uma fenda. Uma perda de sentido, de razão.
Assim se guarda o amor, como se guardava o brinquedo: o segurava e o apertava, quase o esmigalhava contra o peito num gesto seco de defesa e cuidado. E o apertava tanto e o resguardava tanto que o brinquedo, coitado, quase se partia nas sobras que ficavam entre a extremidade dos braços e o peito. Assim se guarda o amor: quase esmigalhado entre a extremidade dos abraços e a folgura dos desejos. Frágil e leve como uma molécula de água, se esconde entre os braços fortes, quase um fugitivo do prazer. Se desmancha e se acaba como o alvorecer. Duradouro e belo quase se eterniza durante os poucos momentos que existem. Passagem quase serena, desconsiderando as leves turbulências, talvez até tenha sido eternizada em alguma foto ou quadro. Após tal encontro, precisa de horas para se reerguer e se reencontrar. E vem, com força estrondosamente bela. Em tons de rosa, roxo, lilás e azul, tomando conta de tudo que observa. Enchendo de esperança até aqueles que já haviam esquecido há muito tempo o poder de tal observação. Vem-se o crepúsculo. Forte como o vento, mais intenso que a alvorada, forte e arrasador como uma boa noite de sexo. Figura-se nos rostos mais cansados. Culmina na noite, que é o encontro e a morte. Do dia e do amor. Que talvez reacorde. Talvez.
Como o boneco um dia há de reacordar e ser novamente usado, dessa vez talvez, perdida sua integridade bíblica, seja até partilhado. Aí nasce o amor entre duas pessoas. Da simples partilha de um algo comum. A passagem entre o Sol e a Lua. Crepúsculo e alvorada.

sábado, 9 de outubro de 2010

Um adeus.

Ele entra.

- Te odeio. Te odeio muito. Seu falso, mentiroso. Monstro! Como você pôde fazer isso comigo!? Canalha! Idiota.
Você dizia que me amava! Você só queria se aproveitar de mim. Você nunca me amou! Você não vale nada! Seu merda! Seu merda! Filho da puta. Vai embora! Eu te odeio! Eu te odeio muito! Vai embora e nunca mais olha na minha cara!

Ele sai. Ela chora.

não digo, é ruim.

Não não digo que é ruim
também não digo nada
que é melhor que dizer algo que não concordo.
Não me interesso por valores impostos.
Crio meus próprios dogmas minhas próprias fronteiras minhas próprias religiões minhas próprias ilusões.
Não sigo caminho nenhum todos levam a um lugar já antes alcançado. Quero mais.
Quero meu próprio caminho com meu nome nele e nenhum destino. Quase uma falsidade ideologica de caminhar. Rumo nu. Nem penso em resposta pra nada. Rumo nu
Não, não. Digo que é ruim
também não, digo, nada.
Que é melhor que, dizer algo que não, concordo.
Não. Me interesso por valores, impostos.
Crio meus próprios, dogmas, minhas próprias, fronteiras, meias próprias, religiões, meias próprias são ilusões.
Não sigo: caminho. Nenhum e todos levam a um lugar já antes alcançado. Já antes, cansado. Quero sim, mas quero o meu.caminho só meu. Nome nele é nenhum, destino. Quase uma falsidade. Ideologia de caminhar. Rumino, nem penso em nada pra responder. Rumino, nu. Também não digo nada que é melhor.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Retrato niilista

Sigo mais uma rota porca
Sigo, mais uma rota porca
Viro a esquina se entorta para me acompanhar
Viro, a esquina se entorna, pára, me acompanha.
Lado a lado com o diabo
Nado, a lado com o diabo.
Que retrato de fim de vida.
Que retrato de fim! Que vida ?
Nada de moinho
Nada demonio
Na dade monho
Nademo danho
Nademos Danho !
Danho! Acorda, que sonho
A-cor-da-que
A corda que
A corda !
Meu Deus! Estou preso!
Meu, preso ! Estou Deus
Deus preso, estou meu.
Preso, Eu, Deus estou.
Preso, Eu, Deus esou
Eu e EU sou Deus! e nada demonio
E eu sou eu e Deus e o demonio, nada.
E eu sou nada.

6

Não consigo evitar
não, consigo evitar
não é inevitável
não, é inevitável
não sei
não. Sei
Talvez siga sem saber
Talvez, siga sem saber
o que