terça-feira, 4 de agosto de 2009

Carta desabafo


Não sei quando, nem como tudo começou. Na verdade, nem sei definir tudo. A vida nunca foi tão dura, tão real, tão implacável como tem se tornado nas últimas 36 horas. Não tenho nada, e cada vez me dou mais conta disso.
Tudo começou, ou deve ter começado a desmoronar quando voltamos de viagem, e meu pai me fez uma pergunta peculiar... " Roque, se você fosse levar um amigo para essa viagem, quem você levaria ?"
Entrei em colapso. Não vinham nomes na minha cabeça, não conseguia pensar em ninguém, ninguém além de você. Mas não tenho coragem de lhe chamar, ou de pronunciar seu nome, na verdade, tenho medo de te encontrar na rua, te de pedir um abraço, de te pedir um beijo. Não posso gostar de você, não como eu gosto. Não posso te amar como eu te amo. - Não te amo - acho que é a frase que mais tenho repetido nas últimas 24 horas.
Não consigo deixar de sentir essa imensa vontade de mentir para mim mesmo.
Quero não precisar de você, quero não querer você.

Minha condição me deprime, e me deprime mais ainda saber que entrei nela tentando evitá-la ao máximo. A vida me ensinou tudo que eu sei. Me ensinou a afastar as pessoas, a machucar os outros para não se machucar, a fincar amizades verdadeiras, a ser uma pessoa verdadeira. A vida me deu minha personalidade, mas não me ensinou o que eu precisava aprender nesse momento, ainda não aprendí a lição mais importante, e a única coisa nesse segundo que pode me fazer esquecer você. Esquecer de mim.

Ainda não descobrí quem culpar, se a mim ou a você. Ainda não sei se o erro foi meu e, na verdade, ainda não descobrí qual foi o erro. Talvez o erro ainda nem tenha acontecido, mas eu já estou contando com ele, afinal, já está tudo errado...

Meu mundo nunca foi tão confuso. Nunca escreví tão mal, nunca foi tão difícil me expressar sem ser extremamente realista, sem me expor. Por falta de opções, aqui vai.


- Prazer, Roque.
Ainda não sei exatamente como começar essa carta, mas juro que estou trabalhando nisso. Escrevo apenas para deixar claro quanto estou sofrendo no momento. Além de todas as cobranças normais da minha vida, todos os meus problemas familiares e internos, sofro por um problema muito maior que eu : amor, a sobra ou a falta dele, entenda como quiser.
Não consigo mais sorrir sem pensar no seu sorriso, não consigo mais caminhar sem lembrar de você e não consigo mais deixar de procurar você nas pessoas. Não consigo deixar de procurar coisas na rua que me lembram você, rostos, cabelos, roupas, marcas... Aquele all-star verde, aquele tênis da Vans. Tantas memórias, tantas lembranças felizes... Porque será que choro quando lembro delas ? Porque será que me emociono quando penso em você ? Não estamos distantes, e nos vemos quase que uma vez por semana. Estávamos sorrindo e comendo lasanha ontem, porque hoje estou tão mal e digo que a culpa é sua. Não, não é, me desculpe. A culpa não é sua, até porque você chegou bem depois do problema. Na verdade, você chegou como a solução para o mesmo. Mas como solucionar um problema com as ferramentas erradas ? Te encontrar foi como descobrir o remédio certo para a doença errada. E repito, a culpa é totalmente minha. Não devia ter acreditado em mim tanto assim, não devia ter deixado acontecer. O erro foi meu ao sonhar com você, ao conversar e me aproximar, ao ver o quão somos iguais, esquecí de ver o quão somos diferentes, e agora, depois de todos esses erros, aqui estou, perdendo não uma parte de você, mas uma parte de mim, ou ambos. Já não sei mais o que sou eu e o que é você, cheguei a um ponto que nos via como um só, e hoje, me vejo como três pessoas diferentes. A pessoa que eu sou, a pessoa que eu queria ser, e a pessoa que eu nunca serei. E sinceramente, nenhum destes me agrada. Estou perdido no meio de meus pensamentos, estou perdido no meio de meus sentimentos.
Passei tanto tempo sozinho e sem ninguém que tinha me esquecido como era bom estar próximo à alguém que gosta, porém, assim como esquecí a felicidade da parte boa, havia também esquecido a dor da parte ruim, não me lembrava como duía ser você, mas não ter você.
E em meio as minhas feridas e dores, em meio aos meus curativos mal feitos, meu cabelo desarrumado, meu desânimo e meu mal hálito, vem a única coisa que eu não queria lembrar, mas faço questão de nunca esquecer...
Te amo.

Com ódio, amor, medo e insegurança
Roque L.

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